É descrito muitas vezes como um "tecnocrata" pragmático, formado à sombra do presidente e partidário do rígido controle político exercido por seu mentor.
De rosto juvenil, Medvedev também deve sua ascensão política dentro da elite russa a Putin, que contratou o então jovem e brilhante advogado no início dos anos 90 para ajudar no departamento de Relações Exteriores do governo de São Petersburgo.
Em cinco anos de trabalho, destacou-se por dar soluções jurídicas em casos de malversações que poderiam ter respingado em Vladimir Putin, segundo a imprensa russa e antigas autoridades políticas locais.
Após coordenar a campanha presidencial de Putin em 2000, Medvedev foi nomeado chefe de gabinete no Kremlin e, em seguida, presidente da Gazprom, a jóia da coroa do setor energético russo.
Em suas diferentes funções, assistiu à tomada de controle dos meios de comunicação e ao sufocamento da oposição, sem que ficasse claro seu papel em tudo isso.
No entanto, foi a decisão de Putin de nomeá-lo primeiro vice-ministro em novembro de 2005, encarregado de projetos nacionais na área sanitária, educacional e de moradia, que iniciou os rumores de sua provável eleição como sucessor de Putin.
Desde então, o candidato Medvedev só tem um programa: a fidelidade a Vladimir Putin e a continuação de sua obra. Discreto, ele oferece uma imagem tranqüilizadora, melhor do que a do atual presidente, alvo de muitas críticas antiocidentais.
"Com Medvedev, a Rússia parece seguir para o bom caminho, o da modernização. A eleição de Medvedev é um sinal para os russos e para o Ocidente", considera um diplomata europeu em Moscou.
Mas o Ocidente se equivocaria se der como certa uma grande abertura por parte da Rússia ou se subestimar suas ambições, adverte Alexander Rahr, especialista sobre a Rússia na Sociedade Alemã para a Política Exterior, com sede em Berlim.
"Se quisermos voltar a fazer da Rússia um 'sócio júnior', como nos anos 90, chegaremos rapidamente a um conflito. Medvedev oferece talvez um rosto simpático, mas quer que o respeitem", diz Rahr.
O candidato do Kremlin já advertiu em janeiro que a Rússia não será "o aluno bonzinho ou o figurante" que os ocidentais viam em Moscou nos anos 90.
As relações com o Ocidente dependerão também do futuro presidente americano, quer se trate do republicano anti-russo John MacCain, ou de algum dos democratas, tradicionalmente pouco inclinados a Moscou.
"Estados Unidos e Rússia terão que cooperar, sejam quais forem seus dirigentes. É inevitável", afirmou Medvedev.
Nascido em 14 de setembro de 1965, Medvedev é filho único de Anatoly Medvedev, um professor do Instituto Tecnológico de Leningrado e de Yulia, professora de filologia no instituto Gertsen.
Cresceu em um subúrbio humilde de Leningrado, e foi estudar Direito na Universidade Estatal da cidade, onde se destacou como um dos alunos mais brilhantes de sua turma.
Com um dom para a administração e a logística, Medvedev se descreve também como um pragmático.
"A ideologia é algo perigoso", disse uma vez aos jornalistas, ainda que também tenha se definido como um "europeu" na política exterior, próximo aos valores da democracia e dos direitos humanos.
Ao contrário de Putin, Medvedev não possui vínculos conhecidos com a KGB, mas tem ligações dentro do clã político proveniente de São Petersburgo, que domina os mais altos escalões do poder.
Apoiado em seu profundo conhecimento da burocracia do Kremlin, Medvdevev é considerado o principal funcionário da pirâmide política que ajudou Putin a permanecer sem grandes solavancos na presidência.
Um de seus maiores feitos foi ter reorganizado as relações com alguns dos oligarcas multimilionários que dominaram a cena política russa durante a presidência do predecessor de Putin, Boris Yeltsin.
Source : AFP