Catherine MAIA
Le président kényan, Uhuru Kenyatta, s'est présenté, le 8 octobre,
devant la Cour pénale internationale (CPI). Il est le premier chef d'Etat à
accepter d'y comparaître depuis la création de la CPI, en 2002.
La procureure, la Gambienne Fatou Bensouda, avait elle aussi fait le
déplacement, expliquant :
« Cette affaire est arrivée à un stade crucial, c'est pour cela que j'ai
estimé judicieux d'être présente en personne ».
La procureur a accuse Nairobi de ne pas coopérer avec la CPI en refusant
notamment de lui transmettre des relevés bancaires ou téléphoniques. Ces
derniers pourraient prouver, selon elle, que M. Kenyatta a orchestré une partie
des violences politico-éthniques qui avaient suivi l'élection présidentielle de
2007. Cet épisode, l'un des plus graves de l'histoire du Kenya indépendant,
avait fait plus de 1 300 morts et plus de 600 000 déplacés.
En 2012, la CPI avait décidé de poursuivre, dans deux procès séparés,
plusieurs membres de chacun des camps qui s'étaient affrontés lors de ces
violences. Depuis son élection à la tête du pays, en mars 2012, Uhuru Kenyatta
a multiplié les tentatives pour obtenir la clôture de l'affaire. L'Union
africaine s'était même mobilisée pour plaider sa cause devant le Conseil de
sécurité des Nations unies à la mi-novembre. L'instance onusienne a le pouvoir
légal de suspendre des poursuites si elles présentent un risque pour la paix et
la sécurité internationale.
Le procès du président kényan devait initialement s'ouvrir en septembre
2013, mais il a été reporté à de nombreuses reprises sur fond d'accusations
quant à des intimidations de témoins.
Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta
Reuters
Liliana Henriques, «Presidente do Quénia desloca-se até ao Tribunal Penal Internacional de Haia»,
RFI, 7 de Outubro de 2014
O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, chegou hoje a
Haia, na Holanda, onde vai comparecer amanhã perante o Tribunal Penal
Internacional para responder à acusação de crime contra a Humanidade, pela sua
alegada responsabilidade nas violências pós-eleitorais que causaram 1200 mortos
entre os finais de 2007 e o início de 2008.
Aos 52 anos, Uhuru Kenyatta será o primeiro chefe de
Estado em exercício a comparecer diante do TPI, esta não sendo todavia primeira
vez que Kenyatta vai ser ouvido pela justiça internacional, já que ele
compareceu uma primeira vez perante o tribunal de Haia ainda antes da sua
eleição em 2013.
A audiência de amanhã tem por objectivo determinar que
direcção vai tomar a acção movida contra o Chefe de Estado queniano. Adiado
várias vezes devido nomeadamente à retirada de diversos testemunhos-chave, o
processo poderia conhecer ainda um novo adiamento, uma vez que o procurador
refere não dispor de elementos suficientes que justifiquem um processo e acusa
Nairobi de não cooperar com a investigação.
Kenyatta diz que se desloca a "título
pessoal" e não como Chefe de Estado, tendo delegado os seus poderes ao seu
vice-presidente William Ruto, também ele acusado de crimes contra a Humanidade
por ter igualmente desempenhado um suposto papel nas violências pós-eleitorais
ocorridas em Dezembro de 2007 e no início de 2008.
Nessa altura, a vitória anunciada do então presidente
cessante Mwai Kibaki nas eleições presidenciais de Dezembro de 2007 provocou
protestos dos apoiantes do seu adversário, Raila Odinga, gerando ondas de
violência que rapidamente degeneraram em massacres étnicos que causaram 1200
mortos e 600 mil deslocados.
Depois deste difícil período, encaminhou-se uma
laboriosa reconciliação nacional, processo que a União Africana invocou no ano
passado, entre outros argumentos, para reclamar o encerramento da acção contra
o presidente queniano.
Por conseguinte, é com alguma expectativa que esta
situação é seguida, nomeadamente pela imprensa de Nairobi para a qual, no
jornal The Nation, a decisão do Presidente Kenyatta de comparecer perante o TPI
"deve ter espantado aqueles na oposição e na sociedade civil que salivavam
com a perspectiva de ver o Presidente ser humilhado ou então de o ver ignorar a
convocatória do TPI, transformando-o um fugitivo internacional". Por outro
lado, no jornal The Standard, "ao escolher respeitar as regras do jogo, o
Presidente mostrou que não tem nada para esconder".
Ao dar conta de uma certa tranquilidade da opinião
pública queniana em relação a esta matéria, Elvis Duran, empresário em Nairobi,
diz que de forma geral ninguém acredita que o processo contra Uhuru Kenyatta
tenha condições de ir avante.
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